Márcio Palmeira

Cinco letras distintas formam a palavra. Lugar desprezado por alguns. Foi o substituto das garçonières e nos anos 60 os móteis da via Dutra despertavam curiosidade nas senhoras da baixada fluminense. Cuidado com a conversa em um quarto de motel, lá não é confessionário e muito menos o divã do seu analista. Recentemente, escutei um papo no trem de duas funcionárias de um motel. Uma delas encontrou na cabeceira da cama um martelo. E concluiram, que o casal que utilizou o instrumento não precisava de sex shop e sim de uma oficina mecânica.

Candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira vai jogando para a platéia com os seus gestos ensaiados. " Gabeira agora é a esperança do Rio ". Temos que mudar essa mentalidade de ter que escolher um dos candidatos da lista. Alguns jornalistas, para garantir a crista da onda, já elogiam o candidato. Ademais, os eleitores só deveriam votar em Gabeira se ele pedisse desculpas por ter libertado o José Dirceu. Episódio muito bem lembrado por José Simão. E apesar de não receber a bolsa-ditadura, Fernando Paulo Nagle Gabeira pediu que se contasse como tempo de serviço para aposentadoria o período em que foi perseguido ( Número do processo 2003.01.20837 ).

Posto nove em ipanema eterno cenário da mesmice carioca. Sou carioca e não frequento o posto nove. " Fala sério ": Bater palmas para o pôr-do-sol fumando um baseadinho não é a minha. Todos lá criticam o tráfico e são os principais clientes. Vocês já observaram a quantidade de lixo abandonado pelos frequentadores daquele trecho da praia de ipanema? Ali está o Rio da pose, dos pseudo-intelectuais, jornalistas que pensam que a cidade termina em Ipanema. São os que gritam contra o Pan Americano, organizam caminhadas pela paz, marcham contra a violência, contra o pagamento do IPTU, contra o mosquito da dengue e outros movimentos televisivos. Eles fazem questão de manifestar o seu voto antes das eleições: sempre em canditados influentes nos bastidores da cidade e confirmam que o povo só pensa em política ( em saber o que os nossos políticos andam fazendo ) em ano eleitoral. Obs : O Relato é válido para o posto nove e meio e o posto dez.

Na terça-feira tive um dia de puro realismo, mas que, por vezes, beirou a ficção. Salvei um gringo. Dei uma entrevista e presenciei um ótimo episódio na universidade. O gringo era do País de Gales, não sabia uma palavra do nosso idioma e queria saborear um lanche especial que as atendentes não conseguiam entender. Fui o intérprete e tive êxito, mesmo com o meu " inglês arrastado ". Saí da lanchonete e parti para a UFRJ . Passei pelo antigo aqueduto do palácio e uma dupla de jornalistas me abordou e pediu permissão para fazer uma entrevista sobre meio ambiente. Até o momento da entrevista só tinha usado água do banho, para escovar os dentes e para bater o açaí preparado na lanchonete minutos antes. Além da eletricidade consumida pelo liquidificador para bater o fruto. Tinha créditos de carbono de sobra. Enquanto aguardava a minha vez para ser atendido no departamento. Um rapaz reclamava da lentidão dos funcionários, criticava os métodos adotados e uma senhora serenamen